Síntese do texto:
Pedagogia da pesquisa-ação
A pesquisa-ação tem sido utilizada, nas
últimas décadas, de diferentes maneiras, a partir de diversas
intencionalidades, passando a compor um vasto mosaico de abordagens teórico- metodológicas
o que nos instiga a refletir sobre sua essencialidade epistemológica, bem como
sobre suas possibilidades como práxis investigativa.
Observações em recentes trabalhos de
pesquisa-ação, no Brasil, pelo menos três conceituações diferentes:
a) quando a busca de transformação é
solicitada pelo grupo de referência à equipe de pesquisadores, a pesquisa tem
sido conceituada como pesquisa-ação colaborativa, em que a função do
pesquisador será a de fazer parte e pesquisar um processo de mudança
anteriormente desencadeado pelos sujeitos do grupo;
b) se essa transformação é percebida como
necessária a partir dos trabalhos iniciais do pesquisador com o grupo,
decorrente de um processo que valoriza a construção cognitiva da experiência,
sustentada por reflexão crítica coletiva, com vistas à emancipação dos sujeitos
e das condições que o coletivo considera opressivas, essa pesquisa vai
assumindo o caráter de criticidade, então, tem se utilizado a conceituação de
pesquisa-ação crítica;
c) se , ao contrário, a transformação é
previamente planejada, sem a participação dos sujeitos, e apenas o pesquisador
acompanhará os efeitos e avaliará os resultados de sua aplicação, essa pesquisa
perde o qualificativo de pesquisa-ação crítica, podendo ser denominada de
pesquisa-ação estratégica.
Se considerarmos as reflexões que
elaboramos neste artigo e nos pautarmos, para a síntese, em Lavoie, Marquis e
Laurin (1996), a pesquisa-ação pode ser considerada:
•
uma abordagem de pesquisa, com característica social, associada a uma
estratégia de intervenção e que evolui num contexto dinâmico;
• é
uma pesquisa que parte do pressuposto de que pesquisa e ação podem estar
reunidas;
• essa pesquisa pode ter por objetivos a
mudança, a compreensão das práticas, a resolução dos problemas, a produção de
conhecimentos e/ou a melhoria de uma situação dada, na direção proposta pelo
coletivo;
• deve se originar de necessidades sociais
reais; deve estar vinculada ao meio natural de vida; contar com a participação
de todos os participantes, em todas as suas etapas;
• metodologicamente, deve ter
procedimentos flexíveis, ajustar-se progressivamente aos acontecimentos;
estabelecer uma comunicação sistemática entre seus participantes e se
auto-avaliar durante todo processo;
• ter característica empírica; estabelecer relações dinâmicas com o
vivido; e enriquecer-se com categorias interpretativas de análise;
• deve possuir um design inovador e uma
forma de gestão coletiva, em que o pesquisador é também participante e os
participantes também são pesquisadores.
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